domingo, 2 de agosto de 2009

O nó

Hoje senti aquela que foi uma das sensações mais estranhas da minha vida.

Para começar, acordei às 4: 40 da manhã. Foi impossível dormir mais. Volta que volta na cama, levantei-me para ir beber água e fazer chichi. Volto para a cama...e nada. Não havia sono. Vim para a net, depois decidi ler o meu livro. Quando já eram 8 e meia resolvi continuar a ver o filme que tinha iniciado na véspera.

Entretanto a minha mãe acorda e resolve vir-me dizer que vamos para a casa da aldeia. Tinha-se "esquecido" de me comunicar. Eu fiquei embasbacada. Estava a planear o meu dia de forma muito diferente. A minha irmã prontamente começou a arrumar as coisas para ir mas eu não o fiz. Sentia-me adoentada, com dores de cabeça (talvez devido às complicações no sono) e não me apetecia nada sair de casa àquela hora. Além do mais, tinha marcada uma caracolada com os amigos à tarde.

Posto isto, eu e a minha mãe discutimos durante um bocado. Eu porque estou um pouco farta de que ponham e disponham da minha vida como bem entendem e sem sequer me consultar, a minha mãe porque quem decidiu tudo foi o meu pai e ela não tinha nada que me avisar. A minha mãe lá foi arrumar as restantes coisas para levar e eu fiquei sozinha.


Naquele momento tudo quanto me tem aborrecido nos últimos dias (meses? anos?) parecia latejar-me na mente. Senti uma revolta muito grande e uma súbita vontade de chorar que tentei abafar. E foi aí. A sensação de sufocar começou a apertar-me a garganta. Não conseguía respirar nem sequer gritar ou falar. Senti medo. Não reconheci aquela sensação que se prolongava por segundos que pareciam infinitos. Quanto mais me esforçava por inspirar mais a minha garganta se contraía. A cambalear lá agarrei numa garrafa de água e bebi um pouco. Não consegui engolir a água. Durante instantes intermináveis achei que teria de deitar a água fora. Só com um esforço quase sobre-humano consegui engolir a água (que naquele momento me pareceu uma bola de ténis a passar na minha garganta). A seguir chorei. Lá agarrei nas coisas e fui para o carro.

A viagem que se seguiu não a desejo a ninguém. Passei todo o tempo do percurso a concentrar-me em respirar convenientemente. A garganta continuava aqui e ali a tentar fechar-se de novo mas eu tossia e lá conseguia voltar aos ciclos "inspira/expira". As lágrimas escorriam pela minha cara sem eu as conseguir controlar e sem sequer saber porque chorava.

Quando cheguei à aldeia, dormi. Disse que estava doente, que me doía a garganta (o que ao fim ao cabo, é verdade) e pedi para não ser incomodada. O nó na garganta, esse, continua aqui. Como uma dor muscular após um exercício físico intenso.

Do susto já ninguém me livra. Nunca tinha passado por isto e não quero passar tão cedo.

Sem comentários: