domingo, 1 de novembro de 2009

Ontem vi-os...


...ele e ela...lá iam no carro desportivo dele. Passei por eles numa fracção de segundo. Pareciam felizes. Ele reparou em mim, disse qualquer coisa para o lado mas ela já não olhou a tempo. E já não me viu, mas eu vi-a a ela. Vi-os aos dois, no seu caminho, que só o acaso cruzou com o meu.

Não quero admitir, mas tenho saudade dela (dele não). E quando digo dela, refiro-me à verdadeira e não à que vi no carro. Ou será que é a mesma (e eu é que não sabia)? Ele é sempre o mesmo, disso não restam dúvidas. Quis a vida (e quis ela e ele também...eu é que não...não queria) que o caminho fosse este.

E aqui nos vimos, ontem, na minha cidade. Eu num sentido, eles no outro. Ele viu-me mas ela não. Eu viu-os aos dois, pareciam felizes no seu caminho. E eu, no sentido contrário ao deles, não sei o que parecia porque não me vi. Podia ter olhado para o espelho, naquele momento, para ver como parecia. Mas, se o tivesse feito, não os teria visto. E não teria visto que ele me viu e ela não.

Se não tivesse sido apenas uma fracção de segundo, eu poderia ter abrandado para ela me ver também. Mas, ao mesmo tempo, não sei como parecia (pois não me vi) e por isso não sei se gostaria que ela me visse.

Eles iam felizes e eu vi-os. Ele tentou dizer-lhe que eu estava a passar (para que ela me visse também). Ter-lhe-à dito "olha, é a .... vai ali!". Ela terá olhado com curiosidade (como será que ela me recorda?). Quem sou eu, essa de quem ela se lembra? Sou apenas uma memória dela, pois eu já não sou assim. E ela não tem forma de saber quem eu sou. Sou eu ainda, porém já não sou eu. E ela não sabe, nunca mais me viu (nem ontem, pois já não foi a tempo).

Eles iam no seu caminho, pareciam felizes. Eu ia em sentido contrário. Sou feliz?

1 comentário:

Rosa Cueca disse...

caiem-nos sempre mal esses caminhos, que não sabemos bem qualificar se constituíram apenas a perda de algo em nós, ou o pressuposto-base para algum dia voltarmos a ser felizes.